Archive for outubro, 2007

O educador sócio-comunitário que não pertence à comunidade é menos legítimo?

(Trecho retirado do Manual “Aprendendo a Ser e a Conviver” – Fundação Odebrech – Editora FTD – Por Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro)

“A Ação do educador popular é comparável a uma chave que abre horizontes. Este educador, no seu trabalho com jovens, sabe que há portas que podem ser abertas e outras cujas chaves só os adolescentes possuem.

Aos educadores que atuam em comunidades populares, é necessária a consciência de que se pode construir novas relações consigo mesmo, com o outro, com o mundo, a partir de um processo educativo que leva em conta a realidade da população, acreditando ser possível tomar um rumo novo, mudar o destino, quebrar preconceitos e livrar-se de estereótipos.

Educadores, provenientes ou não do meio popular, podem se identificar no nível do desejo, das crenças, dos referenciais teóricos, porém, há uma qualidade do ser, diferente entre eles. Talvez sejam as raízes, as memórias infantis, aquilo que se entranha em nós e que chamamos de “cultura do lugar”.

Nas comunidades populares, as contribuições dadas pelo educador proveniente de outro segmento social e pelo educador do meio popular são diferentes, mas igualmente importantes. O primeiro solidariza-se com uma classe e sua causa, comprometendo-se e identificando-se com ela. O segundo dedica-se a uma causa que é sua.

Qualquer que seja a origem deste educador, é preciso que ele se distancie, em alguns momentos, para ser espectador da própria prática e assim percebê-la com um olhar mais crítico e menos emocional. Em contrapartida, em outros momentos, é necessário inserir-se no meio, fazer parte dele, viver sua realidade, solidarizando-se com ela. E solidarizar-se significa colocar à disposição dos jovens todo o saber e bagagem pessoal, buscando em conjunto viabilizar ações, novas experiências, maneiras diferentes de ver, perceber, agir e se relacionar com o mundo.”

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